Análise do romance "As Três Marias"
‘As Três Marias’ traz a história de três garotas – Maria Augusta, Maria José e Maria da Glória – que se conhecem em um colégio interno em Fortaleza, tornam-se inseparáveis e cúmplices, formando uma célula alijada do convívio social dentro da escola, já que duas delas são órfãs e carregam a marca do preconceito das outras.
Dentro dos muros do colégio, as três meninas sonham com o mundo de liberdade lá fora, com os homens, e se abismam diante do meio urbano, nas raras oportunidades em que saem do colégio. São anos de puberdade e as meninas reclusas são tão estranhas à cidade quanto o matuto que pisa em solo urbano pela primeira vez.
O livro é capaz de emocionar o leitor com a retrospectiva de Maria Augusta, a narradora da história, sobre seus tenros anos de infância, quando sua mãe ainda era viva – é como se a escritora falasse de uma morte que se refere à história de todos nós.
Nessa busca interior, as significações do passado trazem à tona possibilidades para representar o amor, um tema denso no livro de Rachel. Suas personagens trilham a procura do amor, gastam suas vidas nesse percurso, no desejo de possuí-lo, dominá-lo – só que numa perspectiva muito diferente dos dias atuais, em que não há colégio interno e sim uma exposição permanente da intimidade. Falta glamour no amor de hoje em dia, e talvez o livro de Rachel possa ajudar nesse resgate.